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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Monday, June 20, 2011

Revendo Capote

Nesse final de semana minhas produções acadêmicas deram uma acalmada. Ou, me organizei de tal forma que consegui ver um filme. Aliás, ver não, rever. Assisti novamente a película Capote, filme de história verídica, baseado no livro A Sangue Frio, de Truman Capote. Por minha identificação com a Semilogia, que auxilia a compreendermos produções linguísticas por meio da leitura dos Signos. Baseada na teoria do semiólogo francês Roland Barthes, lancei uma nova visão frente à produção artística, tendo em vista que Barthes nos explica que a comunicação só é capaz de ser entendida por meio dos Signos expressos na linguagem e que esta está presente e torna possível todas as formas de comunicação. De longe penso, ao expressar a seguir meu novo olhar à película, fazer um comentário único e incontestável. Apenas será mais um olhar.

Que é de uma estética incontestável o filme, não tenho dúvidas, mas percebi algo que até então eu recriminava na figura de Truman Capote: seu envolvimento com Dick, um dos assassinos da família do Kansas. Mesmo que Capote tenha desconstruído o estereótipo do assassino, lhe conferindo um grau de humanidade, é perceptível ao menos para mim, nessa segunda releitura, ver o grau de importância que o jornalista deu ao assassino para conseguir a narração da noite dos mortes. Com seu discurso encrático, ou seja, embutido no poder que sua condição de jornalista e escritor renomado lhe conferia, ele criou o mito de bom amigo do assassino, para a coleta de informações. Mesmo que no começo ele tenha ajudado a dupla de assassinos a conseguir um novo advogado, Capote ao aproximar-se de Dick tinha um único objetivo: colher dados. Bem da verdade que de alguma forma ele identificou-se com seu “personagem”, estabeleceu uma ligação. Mas até onde vai esse laço? O fato é: quando era a hora de Capote ajudar o amigo, ele só pensava no final da exaustiva obra que estava escrevendo, a partir do assassinato, e que precisava ter um fim: a execução dos assassinos.




Na pequena cidade do Kansas, Capote foi também estereotipado pelos habitantes e pela força policial da região, por suas roupas refinadas, seu andar delicado e sua voz infantil. Contou com o auxilio de sua amiga para poder chegar perto das fontes, dentre elas a menina que encontrou os corpos da família. Mas Capote quebrou o mito, mostrou ao que veio e fez do assassinato em série um dos mais destacados livros-reportagem. Lançou gênero, o literário, e virou filme. Seus cinco anos de pesquisa renderam não só a fama a ele, mas a oportunidade de profissionais e estudantes de comunicação se depararem com um novo gênero de jornalismo que também ganhou as telas do cinema.




Tanto o livro, quanto o filme, devem ser vistos, revistos, relidos. Vão além do fazer comunicação, nos levam a um contato de vida, nos faz repensar até onde o ser humano pode ir para atingir seus objetivos. As obras apresentam os dois lados: até onde os assassinos foram por dinheiro, até onde Capote foi pela informação.

Assista o trailer do filme!


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