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Professora, Jornalista, Relações Públicas e Mestre em Comunicação Social. Apaixonada pela comunicação e pelo imaginário humano e cultural.

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Thursday, May 19, 2011

A reputação na era da mobilidade

Li essa entrevista e achei interessantíssima. Tem um pouco a ver com a minha postagem Entropia na Rede. Mas algo mais profundo e que trata de negócios. Como ainda tento decifrar essa sociedade em rede, para que nela possa habitar, compartilho com todos para que, se tem as mesmas dúvidas, possam refletir em cima dessa nova configuração social e econômica que está alastrando-se cada dia mais.




Boa leitura!









A reputação na era da mobilidade










Italiano de nascimento, doutor em sociologia pela francesa Sorbonne, Federico Casalegno opera pesquisas de vanguarda na vertiginosa área de comunicação móvel - e isso na meca dos estudos de mídia. Diretor do laboratório de Experiências Móveis do Massachussets Institute of Technology (MIT), Casalegno estuda o que muda nas interações sociais no momento em que as pessoas estão constantemente conectadas. Entre outras conclusões, as pesquisas do MIT prognosticam uma maior sinergia entre os espaços físicos e os ambientes virtuais acessados por dispositivos móveis. Você está na frente do cinema e quer saber mais informações sobre o filme em cartaz? Saca o smartphone e prontamente lê resenhas ou pergunta para algum amigo no MSN se o filme é bom - o amigo pode até sugerir uma outra opção em um cinema próximo. É uma tendência com consequencias diretas no comportamento de compra, por exemplo. Nesta entrevista, concedida pelo telefone direto de Boston, onde mora, Casalegno comenta algumas mudanças nas tecnologias de comunicação e o impacto no mundo dos negócios - especialmente no branding.

O que realmente muda com o avanço da comunicação móvel?




No paradigma anterior, as pessoas operavam computadores pessoais, que exigem imersão individual e atenção completa do usuário. Os dispositivos móveis têm todo o poder de computação dos PCs, mas são portáveis. Então, podem ser usados em espaços abertos também. E não exigem atenção e imersão total, mas uma interação periférica. Antes, você utilizava o computador sozinho, no trabalho ou em casa, e dava atenção total. Agora, é possível se valer de um smartphone na rua. Você convive pessoalmente com amigos e, ao mesmo tempo, acessa informação online ou bloga, recebe e envia mensagens de texto ou imagens, etc. Então, quando se está em uma interação social ou conversando com amigos, é possível acessar a mídia portátil de forma periférica, porque ela não exige atenção completa, como os PCs. Uma segunda mudança. Os PCs servem principalmente para computar, calcular. Os dispositivos portáteis de hoje também têm capacidade de computar e calcular. Mas são usados principalmente para comunicar. Finalmente, a mídia portátil de hoje pode ser personalizada. Você pode customizar o objeto, atachar ícones, pode colocar imagens da pessoa que você ama na tela do celular, por exemplo. Desta forma, você acaba criando uma ligação quase emocional com ele. Essas são três mudanças importantes, comparadas com o paradigma anterior.







Como a comunicação móvel impacta o marketing das empresas em geral?




Nós fizemos um estudo que revelou um novo modelo de compra, que definimos como "compra social". Chamamos o projeto de pesquisa de "Isto ou Aquilo". Você quer consumir algo, entra numa loja, e tem que escolher entre diferentes produtos. A escolha é cada vez mais baseada nos relacionamentos sociais. Antes de decidir, você compara os conhecimentos dos seus amigos sobre aquele produto e seleciona alguém para sugerir qual a melhor alternativa. Digamos que você vai comprar uma câmera e tem um amigo que entende bastante de tecnologia. Você vai pedir um conselho a ele. E isso pode ser feito dentro da loja, por smartphone.






Isso já está acontecendo?




Já é assim. Na verdade, se você for a qualquer loja, verá que as pessoas já consomem falando no celular. Pense em como isso altera o sistema de reputação. Antes, no paradigma da publicidade, confiava-se na marca. Você comprava um carro da Fiat porque confiava na Fiat. Agora, a confiança e o sistema de reputação também estão baseados na opinião de amigos e no feedback dos consumidores sobre os produtos. Se você olhar no site da Apple, por exemplo, pode ver a opinião dos consumidores sobre os equipamentos da marca. Neste novo sistema de reputação, a confiança não está baseada só na marca, mas, principalmente, em pessoas.






Fala-se muito de publicidade e outras ações promocionais por meio de comunicação móvel. Mas as pessoas usam os dispositivos portáteis principalmente para se comunicar com pessoas próximas e não para receber informações de empresas e outros conteúdos de massa.






É verdade que as pessoas usam os dispositivos móveis para se comunicar com seu círculo de amigos. Mas é também verdade que eles sabem como usar esta mídia. Sabem como organizar grupos. Sabem utilizar o e-mail, as messagens de textos e a interagir em ambientes sociais online. Então, se precisar, eles podem usar este conhecimento para se comunicar com companhias, com instituições, com lojas. Ao utilizar as mídias digitais para falar com amigos e a família, as pessoas adquirem um know how. E este conhecimento é útil quando as pessoas usam as mesmas mídias para se comunicar com o governo, as grandes instituições e as corporações para resolver algum problema. Esta é uma importante mudança de paradigma.




Cada vez mais, as pessoas vão acessar a web com dispositivos móveis. Que outras consequencias a mobilidade trará para os negócios?





As tecnologias móveis serão time-sensitive e location-sensitive, com o uso de GPS (os termos em inglês citados por Casalegno definem tecnologias que detectam automaticamente a presença de um dispositivo em determinado lugar. Por exemplo: um sujeito munido de um smartphone passa na frente de uma loja. A rede varejista, ao identificar a presença dele, envia uma mensagem com uma oferta especial, caso ele compre o produto naquele momento). A empresa sabe exatamente onde você está e eles têm seu perfil, sabem quem você é. A questão é o quanto o usuário quer falar sobre si, o nível de controle que ele tem sobre suas informações pessoais. O quanto você quer que alguém saiba o tipo de produto que você gosta, os itens que você quer comprar? As pessoas não querem ser espionadas. Mas concordam em revelar algumas informações se a empresa for prestar algum serviço útil no futuro. (Texto de Felipe Polydoro, publicado na Revista Amanhã)

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